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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Policial

16/08/2012 15:02:24

Empresária vilhenense é aterrorizada por empregada que era tratada como filha

Um caso digno de um enredo cinematográfico foi protagonizado em Vilhena nos últimos dias. A história envolveu a família de uma empresária da cidade e, como num filme de suspense, teve um final surpreendente.
De acordo com relatos da empresária, que é proprietária de uma financeira, sua gerente, uma jovem de 20 anos, teria feito, durante um período aproximado de dois meses, terrorismo psicológico que evoluiu para ameaças á sua família. Tudo feito anonimamente, até que, na semana passada, se descobriu que as ações partiam da moça.
A vítima relatou que a empresa era controlada pela jovem gerente. “Ela era meu braço direito, eu a considerava uma filha. Tanto que ela tinha acesso a todos os e-mails, tanto da empresa, quanto os meus particulares”, disse.
E a acusada começou a agir pelos e-mails. Segundo a empresária, a gerente se apoderou dos e-mails e da página dela no Facebook e passou a divulgar empresas concorrentes. “Eu acreditei que os e-mails e minha página do Facebook haviam sido hackeados”, revelou.
A vítima contou que grande parte do banco de dados da firma estava nos e-mails, que foram perdidos com a ação do suposto hacker. “Por vezes ficamos, ela e eu, uma em cada computador, até altas horas da noite recuperando os dados, somente para perdermos depois, pela ação dela própria”, disse.
Segundo a empresária, novos e-mails foram criados pela gerente, mas não demorou para que o problema se repetisse.
O acesso da gerente era tão ilimitado que até do cartão bancário da empresária ela conhecia a senha. Certa vez, de acordo com a empresária, foi digitado numa senha, a qual a gerente tinha acesso, o valor de R$ 30 mil, mas a proposta não foi aprovada pelo banco.  “Hoje acredito na possibilidade de ter sido ela”, afirmou a empresária.
A coisa piorou de vez na primeira semana de agosto quando, de acordo com a vítima, ela estava em casa e recebeu uma ligação da gerente que, com a voz trêmula, pediu que a patroa fosse até a empresa para ver algo. Ao chegar, recebeu das mãos da jovem, que disse ter recebido de um homem, uma correspondência na qual havia fotos de seus filhos, com ameaças as crianças.
Temendo o pior, a vítima viajou naquele mesmo dia com os filhos para Porto Velho e, preocupada com a gerente, a levou junto. A empresária lembra que depois do recebimento da correspondência com a ameaça, a gerente começou o insistir que ela fechasse a loja. “Ela dizia sempre: ‘Agora acho que é hora de fechar a empresa, vamos passar todo o banco de dados para um HD e queimar todos os dados impressos’  –ela já havia se apoderado dos dados dos e-mails, só faltavam esses”, revelou a empresária.
Na capital, as até então amigas passearam e tiraram diversas fotos. De volta a Vilhena, a empresária sugeriu à gerente que não publicasse nenhuma foto nas redes sociais devido aos problemas que vinham tendo com o suposto hackeamento de seus computadores.
A empresária contou que alguns dias depois, ela estava na empresa quando recebeu uma mensagem por e-mail que dizia para ela ir lá fora que tinha uma coisa para ela. “Por receio do que pudesse acontecer caso eu fosse, pedi para um funcionário ir procurar a tal coisa. E o rapaz encontrou um papel dobrado num canto da loja. Era uma foto dela comigo e uma sobrinha, e havia na testa dela um alvo”, relembrou.
A empresária disse que a reação da gerente quando viu a foto dela com um alvo foi de quem realmente estava apavorada. “Ela tremia e chorava como se estivesse com muito medo”, disse.
Embora sem saber o que fazer, a empresária solicitou mais uma vez a um técnico que vistoriasse os computadores da empresa. E embora nada tenha encontrado neles, o técnico foi fundamental para o desenrolar da história. Ao final da avaliação, o técnico disse que não havia a necessidade de formatar os computadores. Mas, disse também que na loja vizinha havia câmeras de segurança e que talvez elas tivessem flagrado a pessoa que deixou a foto com o alvo na testa da gerente.
A empresária conversou com os donos da loja que forneceram as imagens e, qual não foi a surpresa da vítima, quando viu sua gerente enfiando a mão no bolso e deixando cair a dita carta com a ameaça contra ela própria. “Eu não acreditei, tive que rever muitas vezes para poder acreditar”, afirmou.
A empresária disse que a vontade era de revelar tudo à gerente, mas foi convencida pelo esposo a não fazê-lo de imediato. “Meu marido me disse que não sabíamos até onde ela havia comprometido os dados da empresa e que precisaríamos descobrir até onde ela havia ido”.
Para isso, a empresária instalou um programa espião no computador da gerente e o esposo passou a monitorá-la.
Enquanto isso, a moça continuava trabalhando normalmente e morando na casa da empresária, que continuou a conviver com ela, mesmo sabendo de tudo. “Foi muito difícil, foram cinco dias complicados. Ela chorava comigo, ficava triste e dizia que a pessoa que estava fazendo isso comigo era muito má e merecia tudo de ruim, e eu sabendo que era ela própria,”desabafou a empresária.
A empresária contou que no outro dia a gerente voltou a agir, e assumindo a identidade da vítima postou na página do Facebook uma mensagem que dizia que ela estava triste porque o marido havia sido assassinado ao defender a funcionária e agradecia a Deus por nada ter acontecido com ela. “Ela chegou a postar no Facebook, uma matéria falsa, como se tivesse saído em um site da cidade, onde ela falava da própria morte”, informou a empresária.
Não suportando mais a situação, na última sexta-feira a empresária procurou a polícia e relatou tudo. No mesmo instante, após ouvir a empresária, o delegado Fábio Campos, que está à frente do caso, determinou que agentes fossem até a loja e levassem a gerente a Delegacia. Ela foi conduzida e, segundo informações, logo que ouviu as informações sobre as gravações teria confessado tudo, afirmando que as ações não passavam de uma brincadeira e que ela tinha consciência de que a empresária não merecia passar pelo que estava passando. A empresária representou criminalmente contra a ex-gerente, e a ex-funcionária deve responder, dentre outras coisas, pela acusação de ameaça.
Por telefone a garota confirmou à reportagem do FOLHA DO SUL ON LINE ter hackeado os e-mails e revelou ter consciência de que tem que pagar pelos erros que cometeu. No entanto, a acusada disse que há muito mais coisas do que foi dito e que amanhã, sexta-feira 17, ela irá à delegacia para revelar coisas que, nas palavras dela, “eu não deveria saber”. O site deve publicar, logo após a entrevista com a moça, as acusações que ela tem a fazer.
NOTA DA REDAÇÃO: Os nomes das envolvidas neste caso estão sendo mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações da polícia.
 





Fonte: FS
Autor: Rogério Perucci

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