Sucateiro que percorre as ruas de Vilhena há 20 anos conta sua história
Sucateiros, carrinheiros, catadores, lixeiros... Vários nomes são usados para identificar pessoas que arriscam a própria saúde em busca de objetos que foram dispensados por alguém, mas que, para esses catadores ambulantes urbanos,valem dinheiro.
"Baiano", como é conhecido pelas ruas de Vilhena, nas quais circula há 20 anos, é uma dessas figuras. Entrou na atividade após anos de labuta como braçal em fazendas de Rondônia e Mato Grosso. Nestas empreitadas, muitas vezes foi ludibriado e até deixava de receber salário, e quando recebia não dava para sustentar seus vícios. Baiano é somente o apelido do catador, cujo nome de batismo é Valdomiro Alves Barbosa. Ele tem 52 anos e é da cidade de são Carlos do Ivaí, do Estado do Paraná. Veio para Rondônia tinha 12 anos.
A carroça que usa para coletar a sucata que lhe garante o sustento foi dada de presente por uma família, menos de dois meses atrás. Humilde, Baiano não quis revelar os nomes dos benfeitores. Disse que até ganhar o veículo, ficou cinco meses sem poder reciclar os materiais, pois sua antiga carrocinha havia sido furtada nas mediações do Setor 17, enquanto se distraía bebendo umas pingas. Admite ter dado uma cochilada e, quando acordou, o seu carrinho já não estava mais no lugar onde havia deixado.
Como Baiano passa o dia inteiro andando pelas ruas, carrega sempre um corote de pinga e uma garrafa d’água para curar a ressaca. Segundo ele, nunca teve filhos, mora só e hoje nem sabe onde andam seus parentes. Diz que o que ganha não dá para sustentar seus vícios, que são o cigarro e a cachaça. Se alimenta mal e mora num barraco humilde. Apesar das condições em que vive, Baiano é uma figura querida por todos.
Todos os dias, enche sua carroça com materiais recicláveis, como arame farpado, peças enferrujadas, fios de cobre, latinhas de alumínio, placas de ferro, antenas de TV, plásticos e garrafas Pet, escapamentos de carro, e depois vende por pesado por quilo.
Debaixo de uma árvore, nas redondezas do centro de Vilhena, na Avenida Marechal Rondon, o trabalhador foi entrevistado e dizsse morar no bairro São José. Depois de posar para as fotos, sorridente, finalizou a conversa com uma dúvida: “A minha história vai aparecer no jornal?”
Fonte: FS
Autor: Irenaldo Malta