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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Política

09/11/2009 18:05:48

VEREADORA FAZ CONFUSÃO EM PEDIDO DE DIREITO DE RESPOSTA

A FOLHA DO SUL publicou, há duas semanas, uma matéria (veja o conteúdo na íntegra abaixo) com um desabafo dramático da vereadora Eliane da Emater (PV) sobre o quadro político de Vilhena.  

A parlamentar, que sempre contou com o respeito da FOLHA, não gostou da publicação, apesar de a matéria ter retratado somente o que ela mesma expressou durante um ato público testemunhado por dezenas de pessoas.

Eliane é assim: habituada a espinafrar os colegas vereadores e o prefeito, sobretudo quando estão ausentes, para fazer média durante reuniões públicas com o governador Ivo Cassol (PP), a quem ela rende uma reverência descomunal.

Na tribuna da Câmara, porém, a vereadora prega “unidade” entre os colegas. Foi por isso que não gostou de ver, no jornal, a publicação do seu choroso e descabido desabafo. Para lembrar, o ato público não era comício, mas apenas uma solenidade oficial do Governo do Estado, que marcava a distribuição de sementes aos pequenos produtores.

Por não ser propriedade de Eliane da Emater e estar fora da sua influência, o jornal independe do crivo ou da submissão da censura da vereadora (ou de quem quer que seja) para editar, contextualizar e/ou analisar suas declarações e discursos, objetivando o bom entendimento do leitor. Este é o papel do jornalismo: elucidar.  Não queira a vereadora que a FOLHA DO SUL se preste apenas a publicar suas divagações e lorotas teatrais sem uma conexão aos fatos que as circundam. Jornal não é ata e tampouco folhetim de assessoria de imprensa de órgãos oficiais para retratar as “versões autorizadas”.

A FOLHA DO SUL teve a responsabilidade de expor as declarações emocionadas da vereadora, contextualizá-las e – claro – a reportagem buscou ouvir (como sempre faz) o outro lado da história: o das pessoas citadas por ela.

Para constar aos que têm dificuldades para interpretar um simples texto jornalístico vai o aclaramento: Apenas as expressões entre aspas são falas ipses litteres da personagem da matéria, devidamente documentadas em áudio e vídeo e com farta comprovação testemunhal.

Eliane enviou o “documento” pedindo Direito de Resposta por um capricho, pois na maior parte do texto ela simplesmente confirma, com outras palavras, aquilo que foi publicado, sem pôr e nem tirar. No entanto, logo no primeiro parágrafo da nota, Eliane se equivoca ao “desmentir” algo que não lhe foi atribuído (referente ao encaminhamento à Câmara de Vereadores do Projeto de Lei Complementar 174 pelo prefeito Zé Rover; a informação está sem aspas e foi levantada pelo próprio jornal).

Ao contrário da FOLHA, que acompanhou e registrou seu discurso, a vereadora é afeita a repercutir BOATOS. Em dado momento da nota enviada a título de Direito de Resposta, ela admite claramente que não tinha certeza daquilo que estava falando (...“Fiquei sabendo da SUSPEITA de negociação...”.) Por quê tanto choro ante a um “ouvir dizer”? Não seria mais razoável APURAR para somente depois falar em público? É muito choro e nenhuma razão!  

 Ainda para efeito de esclarecimento, o Direito de Resposta pode ser exercido quando a parte é acusada sem que lhe ouçam sua versão ou vinculada a fato do qual não seja partícipe. Não é caso! No entanto, a FOLHA, por camaradagem, dispõe deste espaço (apenas deste) para se referir ao episódio e dá-lo por encerrado.

Veja a seguir o texto da vereadora (sem edições, portando com todos os erros e os rebuscamentos presentes no original). Na sequência, confira a republicação da matéria que o gerou:

 

***

PEDIDO DE DIREITO DE ESPOSTA EXTRAJUDICIAL DA VEREADORA ELIANE DA EMATER

 

Ofício nº 207/2009, dirigido ao diretor responsável da FOLHA DO SUL, Edimar Ferreira de Oliveira:

 

Considerando notícia divulgada neste jornal, ora intitulada ELIANE ACUSA: ROVER NÃO MANDA NADA, na qual se faz afirmações inverídicas de que a vereadora Eliane da Emater teria afirmado que o prefeito José Luiz Rover encaminhou um Projeto de Lei Complementar nº 174/2009, que cria 15 portarias para cargo de assessor executivo com vencimento de R$ 4,5 mil cada. Venho diante de Vossa Senhoria com fundamento no art. 5º, V, da Constituição Federal, exercer direito de resposta, com a seguinte nota de esclarecimento, sem prejuízo das medidas judiciais cíveis e criminais que entender necessárias.

No que diz respeito, especificamente, à notícia veiculada no jornal Folha do Sul, é de se esclarecer que, a verdade dos fatos foi distorcida. Ocorre que no dia 23 de outubro de 2009, na sede do Cooperfruto, em solenidade de entrega das sementes aos produtores rurais pelo Governado do Estado, no uso da palavra, fiz um desabafo ao governador Ivo Cassol, pelos últimos acontecimentos ocorridos em nosso município e a desarmonia entre os poderes, por falta de pulso firme do prefeito e poder de mando. Na oportunidade, disse que fiquei sabendo da suspeita de negociação de cargos entre vereadores e o prefeito através da entrevista concedida pelo Governador Ivo Cassol a Rádio Planalto, neste mesmo dia, e que se essa “negociata” realmente aconteceu, eu e os vereadores Garcia e Cechinel presentes na solenidade não compactuamos, tão pouco, participamos de qualquer tipo de negociação.

Repúdio qualquer tipo de interferência à liberdade de imprensa, sobretudo da utilização de espaço de mídia sem qualquer oportunidade de contraditório, ainda que sob o argumento da crítica democrática. Por fim, requeiro que a presente resposta seja publicada com o mesmo destaque e dimensão das afirmações anteriormente veiculadas.

No aguardo de Vosso pronto atendimento, aguardamos retorno e desde já agradecemos.

 

Atenciosamente,

 

ELIANE DA EMATER

VEREADORA

 

***

 

TEXTO PUBLICADO PELO JORNAL:    

 

Eliane acusa: Rover não manda nada 

 VICE-PREFEITO SAI EM DEFESA, MAS ADMITE QUE NÃO CONSEGUE SER OUVIDO  PELO “CHEFE”

 Com choro e sem vela. Foi assim a falação da vereadora Eliane da Emater (PV) na manhã de sexta-feira (23) na sede da Cooperfrutas, zora rural de Vilhena. Na presença do governador Ivo Cassol (PP) e de outras autoridades, a parlamentar fez um desabafo dramático contra o seu aliado, o prefeito Zé Rover (PP), que não estava presente [encontrava-se em Brasília].

Apesar de o discurso não ter a ver com a pauta da reunião com pequenos agricultores que estavam no local para receber sementes de milho, Eliane disse que Vilhena vai “muito mal” e que Rover “perdeu o poder de mando” da cidade. Segundo ela, falta pulso ao mandatário, que se renderia a propostas indecorosas e negociatas, inclusive com seus colegas vereadores.

De acordo com Eliane, para garantir o arquivamento do pedido de instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar eventuais irregularidades na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) o prefeito teria concedido portarias importando em cerca de R$ 67,5 mil mensais para beneficiar apadrinhados de setes vereadores. Ela, José Cechinel (PSC) e José Garcia (DEM) seriam os únicos que não participaram do conluio.

Conforme o Projeto de Lei Complementar 174, de autoria do prefeito, seriam 15 portarias para o cargo de assessor executivo com vencimento de R$ 4,5 mil cada. Um boato difundido até pelas emissoras de rádio e não confirmado pelo presidente da Câmara, Carmozino Taxista (PSDC), deu conta  de que os nomeados ficariam à disposição dos gabinetes dos vereadores em troca da garantia da aprovação de matérias do executivo.

Eliane da Emater não citou a existência de outros supostos esquemas envolvendo o prefeito, mas insinuou que existem “negociatas” frequentes, com as quais ela “não compactua”. A vereadora lembrou que Rover foi eleito com o apoio de Cassol que veio a Vilhena durante a campanha e, no palanque, ratificou as propostas que eram apresentadas pelo então candidato. “Quer dizer que ele empenhou sua palavra e precisa saber do que está se passando. O senhor me desculpe, mas eu precisava desta oportunidade para dizer isso”, sublinhou a vereadora se dirigindo ao governador.

DOS MALES, O MENOR – Ivo Cassol discurso defendendo que, de fato, Rover precisa ter “mais pulso”. Ele lembrou, porém, que é aliado do prefeito, que “é pessoa de bom coração, mas que precisa administrar com a razão”.

O governador disse que, apesar de todos os deslizes, Zé Rover é “cem vezes melhor do que o outro que estava aí” [referindo-se ao ex-prefeito Marlon Donadon, hoje no PRB]. O deputado estadual Marcos Donadon (PMDB), primo de Marlon, estava presente no momento da declaração de Cassol e preferiu não comentá-la.

 

OUTRO LADO

“TUDO NÃO PASSA DE FOFOCA”  -  Sobre o “desabafo” da vereadora Eliane da Emater, o prefeito Zé Rover confirmou à FOLHA a criação dos cargos, que ainda não foram preenchidos, mas garantiu não ter havido “acertos” com os vereadores. “Tudo não passa de fofocas plantadas por assessores do Cassol”.

Sobre o rumor de que o prefeito teria barganhado cargos para garantir a recusa da CPI da UTI, o vice-prefeito Jacier Dias disse não ter participado “qualquer negociação com vereadores”.

Jacier saiu em defesa do prefeito, contudo, admitiu estar enfrentando problemas para dialogar com Zé Rover. “Está sendo muito difícil encontrar espaço para apresentar minhas opiniões. Sou parceiro dele e preciso de abertura para me pronunciar”, reclamou.

O chefe de gabinete da prefeitura, Gustavo Valmórbida, que teria sido o artífice da negociação com os vereadores para arquivar o pedido de instauração da CPI da UTI, também negou à FOLHA tal negociação. “Eu não sabia de nada disso.”  

 





Fonte: Folha do Sul
Autor: Redação/FS

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