Visitas 130959825 - Online 383

Quarta-feira, 08 de maio de 2024

Social

14/12/2009 10:31:32

VILHENENSES ADEREM À FILOSOFIA METROSSEXUAL

Eles estão atentos às tendências da moda, frequentam academias e salões de beleza. E detalhe importante: os metrossexuais não são gays. Ao contrário. São heteros que fazem de tudo para atrair o sexo oposto, tanto que o termo nada mais é do que a junção das palavras metropolitano e heterossexual, ou seja: homem com H, porém, urbano, moderno e contemporâneo.

A palavra começou a ser usada em 1994 pela imprensa dos Estados Unidos. Chegou ao Brasil há cerca de nove anos, no início do novo milênio, definindo bem o homem do Século 21. Em Vilhena, podem ser notados facilmente. De acordo com a esteticista Cida Carmo, que atua no ramo há 22 anos, o crescimento desta tendência foi vertiginoso na última década; hoje 30% dos seus clientes são homens. “Interessante que alguns se receiam de vir se depilar, fazer a unha ou uma limpeza de pele. Ainda persiste o tabu. Geralmente, só vêm ao centro de estética se acompanhados pelas esposas ou namoradas. Há casos de alguns virem até com as mães, que fazem um pacote de tratamentos específicos para elas e inclui os filhos”, confidencia Cida.

Entretanto, depois deste primeiro contato muitos acabam perdendo a timidez e dispensando o “empurrão” da mamãe ou da amada. Neste fim de ano, o que eles mais procuram – espontaneamente!, diga-se – são tratamentos contra a gordura localizada e a limpeza de pele. Querem ficar bonitos para esperar 2010. Mas mesmo os mais resistentes não dispensam o básico: um bom corte de cabelo pelo menos.

 CARAS, MAS NEM TANTO –  Academias estão repletas de metrosexuais. Mas nem todos se assumem. A reportagem teve dificuldades para encontrar alguém que “abrisse o jogo”. Um rapaz de 19 anos, que preferiu não se identificar, jura que se exercita “apenas por questão de saúde”. Logo adiante, porém, admite: é louco por moda, acessórios e perfumes. Mas enfatiza: gosta de futebol, cerveja e mulher.  

Dona da butique Stampa, Claudete Scatolin é uma observadora do fenômeno e constata: o crescente interesse dos homens pelas grifes surgiu com o advento das academias. “Sem dúvida, o culto ao corpo, o ideal de estética perfeita, é origem dos metrossexuais. Primeiro, eles se sentem bem com o físico e aí são despertados para a moda. Hoje, vejo que muitos param aqui em frente para olhar vitrines, depois entram e escolhem alguma peça”, afirma.

Claudete define o metrossexual como “aquele que sabe comprar”. Explica: “Ele não é do tipo que compra no atacado, que vai à loja no final do ano e faz um compra grande. O metro é antenado ao que é tendência e vem várias vezes ao ano, compra peças boas, de maneira mais concentrada”.

Em Vilhena são encontradas grifes de peso, como Calvin Klein, Zoomp, Iódice, Colcci, Aramis, Fórum, Ellus e Lacoste. Um jeans de qualquer uma delas gira em torno de R$ 200 a R$ 390. Estão todos na faixa da cultura e do poder aquisitivo das pessoas bem-sucedidas (ou bem empregadas) da cidade. Porém, algumas das marcas mais caras do planeta, como Armani, Prada, Gucci, Hugo Boss, Diesel e Louis Vuitton, não chegaram ao mercado local. Não há, ainda, esta cultura de consumo de peças tão caras como estas, que são de padrões internacionais. Não que a cidade não tenha ricos. Pelo contrário. Para Claudete,  “um homem pode gastar R$ 15 mil num pneu e achar caríssimo um costume [terno] por R$ 3 mil”.

PERSONAL STYLIST – Designer de moda formada pela Universidade Estadual de Londrina (PR), com especialização em personal stylist, Juliane Barroso, da loja Acessórios, avalia que de um modo geral o homem vilhenense é bem vestido. Mas não estão muito atentos aos ditames da moda. “As tendências chegam simultaneamente às grandes cidades e a Vilhena. Mas, por exemplo, aqui os homens evitam usar camisetas com decote em V muito acentuado, shortinhos curtos e bolsas, qu estão na moda. Ainda não existe aquilo de o homem querer copiar o que está na revista ou na novela. O vilhenense anda bem vestido, mas do seu jeito. É mais clássico, gosta mais de uma camisa pólo ou uma camiseta tradicional”, analisa Juliane.

Apesar desta “resistência”, eles estão querendo aprender. Tanto que a maioria dos clientes da personal é constituída de homens. “Nas consultorias que eu presto, vou ao guarda-roupa deles e mostro o que fica melhor de acordo com o seu tipo físico e a mensagem que querem passar através do vestuário. Mas nada de tirar a liberdade e o jeito de cada um. Não gosto de rótulos e até acho que ser brega é melhor do que não ter estilo nenhum. Apenas oriento que o maior pecado é usar todas as tendências disponíveis num look só, misturar tudo”, pontua a especialista. 

Não são os estilistas que “decidem” o que deve ser moda. Pelo contrário. A moda pode ser resultado da identificação de algum comportamento espontâneo, das ruas. É o caso das cuecas à mostra, mania que começou com no movimento hip-hop e foi adotada a princípio pelos skatistas e surfistas. “Primeiro, os jovens começaram e usar. Depois, a tendência chegou às passarelas, ganhou grifes e virou moda”. Em Vilhena, como no resto do mundo, a cueca – boxe de preferência – virou acessório e nem sempre é  simplesmente “roupa de baixo”.   

ELES POR ELES –  Vilhena teve até um prefeito metrossexual. O jovem Marlon Donadon chegou ao poder com apenas 23 anos, em 2005. Antes, era modelo e barman. Na prefeitura, não dispensou um bom costume, jeans de grife, cabelos e pele bem cuidados. No entanto, os gabinetes da vida fizeram com que ele engordasse 17 quilos. Bastou terminar seu mandato, em janeiro deste ano, para voltar à silhueta dos velhos tempos.

O gerente regional do Sebrae, Rangel Miranda, 26 anos, é outro que se assume como metrossexual. Faz academia, tira a sobrancelha, faz dieta, não dispensa um perfume francês e tem na ponta da língua suas grifes preferidas. Para manter-se “antenado” sobre moda e tudo sobre o comportamento masculino, lê com frequência as revistas Men’s Health e UM (universo Masculino).

“Minha mãe era cabeleireira e aprendi cedo a me cuidar. Eu penso que se as mulheres se arrumam para os homens, por que não podemos fazer isso também para elas!?”, indaga Rangel. Além de tudo, o rapaz adora cozinhar.

O estudante de educação física Maico Gomes Colombo (FOTO), 21 anos, não gosta muito do termo metrossexual. Prefere dizer que é apenas vaidoso e que adora se cuidar. No entanto, quem o conhece sabe do seu cuidado exacerbado consigo, além, é claro, do gosto pelas grifes. “Já cometi alguns exageros, como por exemplo, comprar uma camiseta da Coca-Cola a R$ 250 e em seguida me arrepender. A minha mãe reclama, pois é ela quem paga”, afirma.

Descolado, Maico tem uma tatuagem nas costas com o nome do avô e usa brincos nas duas orelhas. Gosta das grifes Colcci, Ellus e Osmoze e as camisetas são as peças que mais lhe fascinam. “Desde pequeno eu cuido da minha saúde e do meu corpo. Gosto de academia, de estar perfumado, com a barba bem feita e acompanhado de mulheres”, admite entre risos.

Apesar dos cuidados essenciais e do prazer pelas compras, Maico nunca fez sobrancelha e, quanto às unhas, o máximo é deixá-las curtas e limpas. “Nada de exageros”, resume.   

COSMÉTICOS – Para muitos homens, é preciso coragem para começar a usufruir todas as benesses que um centro de estética pode oferecer. E não é diferente na hora de comprar cosméticos. Na Adcos, por exemplo, os clientes masculinos representam apenas 10% do volume de vendas. “Há apenas um prateleira de produtos masculinos e por mais que tentemos mostrar as novidades, eles resistem”, afirma a vendedora Adriana Rialto.

A maioria dos homens compra apenas o básico: desodorante, xampu, filtro solar e cremes anti-sinais. “Assim mesmo, no caso dos filtros, só compram quando já percebem manchas na pele. A maior parte está na casa dos 40 anos. Adolescentes e jovens não se preocupam com isso”, destaca a atendente.





Fonte: Folha do Sul
Autor: Redação/FS

Newsletter

Digite seu nome e e-mail para receber muitas novidades.

SMS da Folha

Cadastre seu celular e receba SMS com as principais notícias da folha.