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Sexta-feira, 10 de maio de 2024

Terra

26/11/2015 11:32:14

Estiagem já preocupa agricultores e ameaça afetar toda a economia do Cone Sul

Lavoura e pecuária sofrem com a falta de chuvas
 
Num dia chove, mas no outro não, no outro dia também não e tampouco no seguinte. A escassez de água numa época que já deveria chover em abundância é a atual rotina em cidades do interior do Cone Sul, como Cerejeiras, Corumbiara e Pimenteiras.
O problema, no entanto é que esses municípios são grandes produtores de soja e, neste caso, a falta de chuva leva diretamente a uma escassez de dinheiro – não somente para os plantadores, mas para a economia local, uma vez que o faturamento do campo ajuda a girar as atividades na zona urbana.
A “seca”, como alguns já chamam esse período de escassez de chuva, já está preocupando até mesmo o prefeito de Cerejeiras, Airton Gomes (PP), que também é um agricultor de soja e milho. “Eu já nem me preocupo mais com a economia nacional, pois essa já está do jeito que está. Eu me preocupo agora é com a economia local, por causa desta seca, que afeta a produção de grãos no município”, disse o prefeito numa conversa com este repórter no domingo, 22.
Na manhã desta quinta, 26, acompanhada do vereador cerejeirense Edmar Lopes (PDT), que tem bastante contato com o setor rural, a reportagem do FOLHA DO SUL ON LINE visitou um agricultor de Cerejeiras que está sofrendo na pele a estiagem deste ano.
O plantador de lavouras em Cerejeiras Valdir Navarro, que tem 400 hectares semeados e que ganhou no ano passado o prêmio “Lavoura Farta” como o segundo produtor de soja com a área mais produtiva da região que engloba Rondônia e Mato Grosso, diz que a escassez de chuvas  já o prejudica. “Nesta mesma época do ano passado, eu me lembro, dava uma chuva a cada quatro ou cinco dias. Agora já fazem 22 dias que não chove. Já tivemos que atrasar a aplicação de fungicida e cloreto. Nunca vi isso aqui antes. Não sei se vou ter de fazer o replantio da soja”, diz o sijicultor, que mora no município cerejeirense, na Linha 1, há cerca de 30 anos.
Segundo uma apuração do FOLHA DO SUL ON LINE, já há casos de agricultores do interior do Cone Sul que estão replantando a soja – ampliando o prejuízo na lavoura.
A preocupação principal agora, segundo o agricultor, é a produtividade do milho entressafra, o safrinha. “Se atrasar muito a chover, a produção de milho safrinha, que é plantada no final de janeiro para início de fevereiro, poderá estar comprometida para o ano que vem”, diz Valdirão.
Ao que tudo indica, não são só os agricultores que se preocupam com a estiagem deste ano. Os pecuaristas também sofrem. Um criador de boi de Cerejeiras, que não quis se identificar, explica. “O atraso das chuvas retarda também a fertilidade das fêmeas, que vão demorar a criar. E também pode atrasar a engorda do boi. E, se piorar muito, pode faltar água em bebedouros para o gado”, diz o criado.
Uma questão também levantada pelo pecuarista é sobre a criação de bois confinados, que depende do milho e da soja para serem alimentados. “Se as chuvas prejudicarem a produtividade do milho, vamos pagar mais caro pelo grão no ano que vem”, diz.
O ponto levantado pelos agricultores, como também afirmou o prefeito de Cerejeiras e cuja preocupação é citada no início desta reportagem, é que a falta de chuvas possa afetar toda a economia no Cone Sul. O interior da região sul rondoniense tem cerca de 90 mil hectares de produção agrícola e, ao que se sabe, toda essa área pode ter menos produtividade (menos renda, em suma) no ano que vem, caso a seca deste ano persista. Se isso ocorrer, como parece que vai acontecer, o prejuízo do campo será transmitido para a cidade. E essa situação vai se somar ainda à crise econômica nacional, que parece que vai persistir também em 2016.
Nota: Quando essa reportagem estava sendo feita, na manhã desta quinta, 26, havia um sinal de que poderia chover. “Mas, mesmo se chover de hoje em diante, ainda assim teremos prejuízos com a estiagem que enfrentamos até agora”, diz o agricultor Valdir Navarro, entrevistado por esse repórter para a matéria.
 




Fonte: Folha do Sul
Autor: Rildo Costa

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