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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

Esportes

08/12/2015 10:13:58

Reportagem do Globo Esporte mostra apogeu e agonia do Vilhena Esporte Clube

Time desiste de disputar o Estadual 2016


Em 10 anos, VEC conquista títulos e glórias, mas morre acuado em dívidas

Fundado em 1991, time ganhou o primeiro estadual em 2005. De lá para cá soma cinco títulos estaduais. Em 2015, errou nas contas e anunciou a saída do profissional

Cinco títulos estaduais, seis participações na Copa do Brasil, três na Série D e duas na Copa Verde, tornaram o Vilhena um dos clubes com maior representatividade e torcida no esporte de Rondônia. Criado em 1991, chegou ao auge em 2014 quando abocanhou não só título do Campeonato Rondoniense, mas a vaga em todas as competições nacionais disponíveis para os times do estado. No entanto, um ano depois, chegou ao fundo do poço. Com problemas administrativos, escândalos e dívidas que somam aproximadamente R$ 500 mil, se viu sufocado por processos judiciais, perdeu a esperança de encontrar uma saída e anunciou a desistência do estadual de 2016. Dirigentes e ex-jogadores lamentam a situação do clube.

LAMENTAÇÕES

O ano de 2015 não foi que o Vilhena esperava. Acostumado com vitórias, dentro e fora de campo, a turbuência se instaurou em um processo de derrotas. Perdeu comissão técnica, elenco, patrocínios e até mesmo a fiel torcida. O tão temido Lobo do Cerrado se acuou e agora diz que vai focar nas categorias de base para se estruturar. 
Enquanto isso, os adversários se organizam e seguem na disputa. O Genus, ganhou o título estadual deste ano, em cima do Vilhena, e agora carrega o nome de Rondônia na Copa Verde e Copa do Brasil. Evaldo Silva, diretor do clube, torce pela volta do VEC.
- A saída deixa uma lacuna no estadual muito grande. Claro que não queríamos que o VEC se afastasse até por conta das rivalidades. Hoje, a rivalidade maior é Genus e VEC e essa rivalidade não tem mais. Espero que eles resolvam a situação deles e voltem logo - diz Evaldo Silva.
Já alguns ex-jogadores do time, que foram campeões, e outros que viveram a derrota são unânimes em dizer que o time chegou ao fundo do poço e isso é uma tristeza. 
- Recebi essa notícia com tristeza, mas já esperava por tudo o que aconteceu - diz o meia Edilsinho, que foi capitão da equipe em 2015.
- Fico triste, pois o VEC e a cidade de Vilhena não mereciam estar fora - lamenta o volante Cucaú.
- A não participação no campeonato do ano que vem é atestado de incompetência, arrogância e falta de transparência - alfineta o ex-goleiro do time, Mário Rocha.
Quando informou a Federação de Futebol do Estado de Rondônia que não participaria do Campeonato estadual 2016, o presidente do clube garantiu a presença nos torneios de base organizado pela entidade.

O COMEÇO DA RUÍNA

A primeira participação da equipe rondoniense na Copa do Brasil aconteceu em 2006. O time não chegou a passar para a segunda fase, mas registrou recorde de público e conquistou torcedores de várias cidades. Pela Copa Verde, o VEC foi o único representante de Rondônia nas duas edições existentes da competição, em 2014 e 2015.

Com o título do estadual do ano anterior em mãos, o Lobo do Cerrado garantiu a participação na Copa Verde e foi o primeiro clube de Rondônia a entrar em campo em 2015 em uma competição oficial. O primeiro jogo foi realizado no dia 8 de fevereiro, quando o Vilhena perdeu em casa para o Nacional-AM por 1 a 0. O placar magro e a derrota amarga foram não apenas um início ruim, mas o espelho de toda a atuação do Vilhena na Copa, que não chegou a se classificar para a segunda fase.
No mês seguinte, já com a cabeça erguida, o VEC estreou na Copa do Brasil contra a Ponte Preta-SP. Empatou a primeira partida em 1 a 1 e perdeu no jogo de volta, dessa vez por 3 a 1, e acumulou apenas experiência para o currículo. Eliminado das duas competições que abriram o calendário de jogos para o clube, o Lobo decidiu focar no Campeonato Rondoniense e tentar garantir a vaga nas Copas do ano seguinte. 

A DECEPÇÃO NO RONDONIENSE

Com cinco vitórias na história do Lobo, o Campeonato Rondoniense teve um início turbulento, que seria a marca do Vilhena até o final do ano. Inconformados com a data de início da competição, marcada para abril, a diretoria do clube entrou em conflito tanto com a FFER, quanto com os demais clubes que participaram do estadual. O motivo: a distância de tempo entre os campeonatos, o que poderia afetar o caixa do clube, já que passaria quase um mês sem entrar em campo.
A federação informou que o Vilhena participou da reunião que definiu a tabela e concordou com as datas, além de já ter recebido um repasse de pouco mais de R$ 200 mil. O início foi confirmado para o dia 5 de abril, e o VEC foi um dos únicos clubes que não sofreu com a falta de estrutura nos estádios, já que o Portal da Amazônia havia sido revitalizado para a disputa contra a Ponte Preta-SP. 

O primeiro turno teve um início tranquilo, tendo o Lobo como o time com maior aproveitamento e o favorito a mais um título, sob o comando do ex-técnico do Corinthians, Márcio Bittencourt. Nomes como Cucaú, Cabixi, Alex, Maxsuel e Maycon fizeram parte do elenco. A equipe conseguiu chegar à final do turno, junto com o Ji-Paraná, levou a melhor e garantiu a vaga tanto na final do campeonato quanto no Campeonato Brasileiro Série D.
No segundo turno uma reviravolta. Após uma briga entre o técnico e alguns jogadores, que terminou em agressão física ao técnico Bittencourt, o terceiro goleiro foi demitido e o outro atleta afastado. O técnico cogitou sair do clube, optou por ficar mas acabou deixando o representante do Cone Sul algum tempo depois. A reclamação da vez era o atraso no salário que somava quase R$ 35 mil e falta de condições de trabalho, como a ausência de um departamento médico. Outro jogadores alegaram atraso nos salários que não eram pagos há cinco meses. Apesar das dificuldades, Marcos Birigui aceitou assumir o comando da equipe. Na final, o Genus levou o segundo turno, o título do estadual e a esperança do Vilhena de representar Rondônia mais uma vez em todas as competições nacionais disponíveis. 

REVOLTA ÀS AVESSAS

Mesmo com todos os problemas, mudança de técnico, jogadores desestimulados pela falta de salário, o clube se preparava para a Série D confiante de que conseguiria se colocar entre os melhores, feito nunca conquistado em nenhuma das duas participações anteriores. No entanto, a situação financeira não ajudou a equipe a conquistar o objetivo. 
No início de julho, pouco antes do início do Brasileiro, 12 jogadores entraram na justiça contra o clube, alegando salários atrasados que somavam cerca de R$ 500 mil, maus tratos e ameaças por parte da diretoria. Segundo o advogado dos atletas, aqueles que se recusaram a jogar devido as pendências do clube foram ameaçados de serem expulsos do alojamento e receberam apenas salsicha e macarrão para comer. 

A Confederação Brasileira de Futebol confirmou a dívida e impediu o Vilhena de cadastrar novos jogadores, deixando o Lobo praticamente sem reservas no elenco, sem a chance de contratar novos atletas e tendo que contar com a ajudar dos meninos da base para que o time não ficasse desfalcado. Como se os problemas enfrentados não fossem suficientes, foi prestada queixa contra o presidente Dalanhol que ameaçou jogar água quente em duas ex-cozinheiras que também estavam cobrando salários. Com isso, o presidente do VEC optou por fechar as portas do clube, os jogadores não deixaram e a participação na Série D foi encerrada com 13 jogadores que por amor a camisa se mantiveram até o fim.

FUTURO INCERTO

Mergulhado em dívidas e dúvidas, o Vilhena não fechou as portas oficialmente apesar de ter tentado algumas vezes. Porém, comunicou a FFER que não vai participar do profissional do próximo ano. Com interesse no Campeonato Sub-20, Dalanhol informou por ofício que está tentando regularizar a situação do Lobo na justiça. 
O GloboEsporte.com tentou contato com o presidente do clube, José Carlos Dalanhol, mas não quis se manifestar. Não há outras pessoas responsáveis pelo Vilhena.





Fonte: Reprodução
Autor: Globo Esporte

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