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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Economia

27/05/2016 11:06:05

Em editorial, jornal aborda “falta de noção” contra mulher que perdeu filha no Cone Sul

Críticas em redes sociais mostram falta de compaixão

Versão impressa desde site, o jornal FOLHA DO SUL, que circula em várias cidades do Estado, chama a atenção para os comentários de algumas pessoas nas redes sociais, criticando ou fazendo insinuações sobre a conduta mulher que encontrou a filha afogada num balde esta semana. O trágico acidente doméstico foi registrado no pequeno distrito do Guaporé, que pertence a Chupinguaia e fica a 90 km de Vilhena. Relembre aqui.

O semanário, que tem longo histórico de luta contra ações deste tipo, usou seu espaço dedicado a opiniões para tratar do assunto. Leia abaixo, na íntegra, a posição do veículo, publicada na edição que circula a partir deste sábado, dia 28.

Editorial
FALTA DE COMPAIXÃO

É certo que a desgraça chega em todas as casas, e nunca bate à porta. A notícia de uma tragédia que abalou o Cone Sul esta semana trouxe à tona sentimentos conflitantes. Conforme mostra a página 10, uma família da região perdeu a filha mais nova em uma fatalidade que, convenhamos, pode acontecer em qualquer lugar: a pequena se afogou em um balde de água nos fundos de casa.

Foram inúmeras as demonstrações de solidariedade através das redes sociais em face de uma tragédia que, em outros tempos, ficaria restrita ao círculo local de conhecidos. Porém, em meio aos sentimentos de compaixão e desamparo, sempre brotam as mentes atormentadas, apontando falhas e dizendo o que poderia ter sido feito para salvar a vida da criança. Ora, obviamente, qualquer ser humano adulto com alguma autonomia mental sabe como agir em caso de acidente doméstico. 

Mas, só alguém realmente disposto a piorar um momento por si só lamentável se dispõe a apontar falhas de alguém neste momento. Em uma situação onde a mulher passa a pior dor humana possível, a perda de um filho, dizer que ela poderia ter evitado tudo soa insensível, para dizer o mínimo. Que mãe não se esforça pelo bem-estar dos filhos? Que mãe, em sã consciência, seria leviana com a segurança dos pequenos? Quem culparia a irmã menor por encher um balde com água? Quem, em primeiro lugar, saberia o que estava por acontecer?

Culpar a mãe ou a criança por atos que infelizmente culminariam na morte da menor não vai trazer a pequena de volta. Não vai amenizar de forma alguma a dor dos familiares, pelo contrário, irá expô-los a julgamentos que se somarão ao sofrimento já impossível de tolerar. Quem julga tão apressadamente qualquer membro da família decerto jamais se distraiu na vida, jamais ficou cansado a ponto de esquecer algo ou de estar desatento, decerto? 

Provavelmente não, já que a cada tragédia, em vez de pensar e sentir empatia, estão lá, dedo em riste, julgamentos na ponta da língua. 





Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação

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