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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Geral

15/07/2016 17:12:29

Pais de rapaz morto em Vilhena desabafam: “Nosso filho foi assassinado em presídio”

Estado deve ser acionado na justiça por morte suspeita
 
Na tarde desta sexta-feira, 15, estiveram na redação do FOLHA DO SUL ON LINE, onde concederam entrevista exclusiva, o autônomo Ailton Domingos Santos, 45 anos, e sua esposa, a esteticista Walk-Mag Pereira Carvalho Santos, 39. Os dois vieram falar sobre a morte do filho único, o pedreiro Cleyton Henrique Carvalho Santos, 21.
 
O jovem morreu na tarde de ontem (quinta-feira, 14) no Hospital de Urgência e Emergência de Cacoal. Ele estava detido no presídio Cone Sul, em Vilhena, quando, segundo a direção, começou a sentir uma crise renal. Cleyton teria sido levado para o Hospital Regional de Vilhena, onde a aplicação de dipirona teria agravado seu quadro clínico. Esta, pelo menos,  é a versão da direção do presídio, veiculada em entrevistas a emissoras locais de TV. 
 
A família, no entanto, dispõe de documentos que atestam a real causa do óbito: o detento sofreu um espancamento tão violento que chegou a ter a mandíbula deslocada, fato constato por um laudo médico.
 
QUEM ERA CLEYTON
Ailton admite que o filho havia sido condenado por participação em um furto. Ele estava em liberdade condicional quando foi acusado de um outro crime similar. A polícia o prendeu no dia 06 de julho e, na mesma data, foi avisar os pais.
 
Comunicados de que se tratava apenas de uma detenção por “suspeita de furto”, os pais do garoto tentaram visitá-lo na Cadeia Pública, mas isso não foi permitido. Dois dias depois, o rapaz era transferido para o presídio, onde o pai também tentou visitá-lo, novamente sem sucesso.
 
Ailton conta que, um dia (13 de julho) depois que o filho havia sido mandado para Cacoal, a direção do presídio pediu para que ele fosse até a unidade levando roupas, material de higiene pessoal, documentos e o cartão do SUS em nome do jovem. “Em nenhum momento eles me informaram que meu filho havia passado mal e muito menos de que já tinha sido transferido para Cacoal”.
 
A morte do pedreiro só foi comunicada a seus pais no dia do óbito, por uma assistente social do presídio. O autônomo viajou até Cacoal para buscar o corpo, mas chegando lá, espantou-se com as marcas evidentes de violência, principalmente no rosto do garoto.
 
Uma foto de Cleyton, após o falecimento, foi cedida ao site para mostrar seu estado: uma faixa segurava sua mandíbula e havia um corte nos lábios. O laudo da necropsia, que o pai fez questão de acompanhar, não deixa dúvidas: o detento foi espancado.
 
QUEM ESPANCOU?
Ailton não acredita que o filho tenha sido atacado por outros presos, e usa raciocínios lógicos para defender esta tese: “Primeiro, é a mentira: disseram que ele estava com problema renal e, depois, falaram que a dipirona teria provocado uma reação alérgica. Meu filho nunca teve problema de rins e não era alérgico a nada”.
 
O pai também frisa que, caso o espancamento tivesse sido provocado por outro detento, o acusado teria sido punido. “Quem o matou com esta agressão covarde buscou foi encobrir o crime, transferindo-o para Cacoal e inventando problemas que ele nunca teve. Mas eu vi a necropsia e posso garantir: meu filho foi assassinado!”
 
 
JUSTIÇA
Os pais de Cleyton pretendem acionar o Estado na Justiça. “Nenhuma indenização trará meu filho de volta, mas vamos lutar por justiça. Defendo que todos paguem pelos erros cometidos, inclusive meu próprio filho, que era único. Mas eu esperava que, mesmo lá no presídio, ele pudesse ter uma segunda chance. Ali, no entanto, o que o Cleyton encontrou foi a morte”, desabafa o pai.
 
DESABAFO
A mãe faz coro à indignação do marido e pergunta: “Quantas pessoas mais precisarão morrer para a gente saber que esse tipo de coisa acontece naquele presídio? Meu filho não merecia uma covardia dessas. Aliás, o filho de ninguém devia passar por tamanha dor e humilhação quando tenta pagar sua dívida com a sociedade”, diz Walk-Mag, com lágrimas nos olhos.
 
O FOLHA DO SUL ON LINE está à disposição da direção do presídio, caso a instituição deseje se manifestar sobre o episódio, que vem causando acaloradas discussões nas redes sociais em todo o Cone Sul.
 
 




Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação

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