Com apoio do poder público, catadores de recicláveis formam associação em Cerejeiras
Cobre, alumínio e plástico são vendidos para indústria de Vilhena
Em Cerejeiras, um grupo de trabalhadores, incluindo alguns que antes viviam da coleta de dejetos no “lixão”, oficializou a atividade, montando uma associação de catadores de material reciclável. Com a iniciativa, essas pessoas agora trabalham de forma mais digna, com atividade mais rentável e, além disso, contribuem para a preservação do meio ambiente urbano.
Um grupo de 13 pessoas, há quase um ano, formou a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Cerejeiras (Assoccer). Após oficializar a entidade, a Prefeitura de Cerejeiras passou a ajudar o grupo com uma verba de R$ 15.000,00 mensais, além de oferecer um tratorzinho com carretinha para coleta em toda a área urbana do município e dois caminhões para o transporte até Vilhena, onde uma indústria do setor compra o material.
A oficialização desses catadores de materiais recicláveis em Cerejeiras fazia parte de um projeto do poder público municipal: implantar a coleta seletiva na área urbana. Mas, para isso dar certo, dois projetos teriam que andar lado a lado: a formalização dos catadores para coletar, processar e vender o material reciclável, e a conscientização da população para separar o lixo a ser reaproveitado.
Por isso, além da oficialização dos catadores, os moradores de Cerejeiras foram alvo de intensa campanha de conscientização por parte dos voluntários e do poder público municipal, inclusive por meio de panfletos distribuídos nas residências. A conscientização orientou a população a separar o lixo reciclável em uma sacola à parte, para facilitar o trabalho dos catadores. No ano passado, por exemplo, a vice-prefeita Lisete Marth (PV) fez uma série de palestras em escolas do município para conscientizar os estudantes sobre a iniciativa, na intenção também de influenciar, indiretamente, os pais desses alunos.
O FOLHA DO SUL ON LINE visitou a Assoccer nesta semana, na área urbana de Cerejeiras. O local é organizado, tem uma prensa para compactar o material reciclável e o barracão não exala mau cheiro. Por enquanto, a entidade está sediada num barracão alugado de uma antiga oficina mecânica. Mas em breve os catadores da entidade vão se mudar para outro local, mais amplo e, possivelmente, fora da área urbana.
Segundo a presidente da Assoccer, Rosana da Silva, o poder público municipal apoia a entidade. A agora recicladora formalizada elogia a iniciativa do prefeito de Cerejeiras, Airton Gomes (PP), em procurar regularizar a atividade. “O prefeito sempre vem aqui, conversando com a gente e apoiando o projeto desde o início”, diz.
Por outro lado, a presidente da associação dos catadores afirma que nem todos os moradores da área urbana de Cerejeiras atenderam às orientações da entidade no que se refere à separação do material reciclável nas residências: “Muita gente coloca lixo orgânico no local de lixo reciclável e isso dificulta o nosso trabalho”, afirma. Em breve, segundo a presidente da Assoccer, os catadores vão fazer outra conscientização com a população.
No início do projeto, a Prefeitura de Cerejeiras doava sacolas de cor esverdeadas para que os moradores da cidade depositassem o material reciclável nelas, depois de separado. Mas, segundo afirma a presidente da Assoccer, o custo das sacolas estava atingindo quase o valor da renda dos catadores. “A gente conseguia uma renda de R$ 8.000,00 por mês, mas as sacolas estavam custando R$ 6.000,00. Então tivemos que cortar as sacolas. Mas os moradores podem colocar em sacolas comuns ou em caixas de papelão”, disse. Uma observação: nos supermercados da cidade têm as tais sacolas verdes para vender.
Dentre os materiais que os catadores recolhem, processam e vendem estão: cobre, alumínio, ferro e plástico. Até o momento não está havendo a venda de papel e copinhos descartáveis, por falta de compradores. Cada material tem um preço, pago pela indústria recicladora.
Fonte: Folha do Sul
Autor: Rildo Costa