Presidente da Funai vem a Vilhena; advogado e líder indígena vão denunciar etnias abandonadas

Acompanhado pelo advogado Eustáquio Machado, que trabalhou na Funai durante 34 anos, o líder indígena José Luís Cassupá esteve na redação do FOLHA DO SUL ON LINE na tarde desta quarta-feira, 23. Membro da Organização dos Povos Indígenas de Rondônia, Cassupá disse que, no domingo, 27, pretende entregar um documento contendo reinvindicações ao presidente da Funai, Franklinberg Ribeiro de Freitas , que estará visitando Vilhena, para inaugurar a sede de Coordenação Técnica Local (CTL), encarregada de dar assistência às mais de 20 aldeias da região, onde vivem mais de 1.400 indígenas.

 

Morador da área urbana há 20 anos, mas sempre em contato com os irmãos das reservas, José Luís disse que pretende denunciar a situação de abandono das terras indígenas próximas a Vilhena. Machado, que atendeu indígenas até 1994, quando se aposentou, hoje defende membros de três etnias na justiça.

Ao comentar algumas das ações judiciais nas quais atua, o advogado questionou, indignado: “A coisa mais irritante que escuto é que índio tem muita terra e não faz nada. Visão típica de quem não conhece a cultura deles. Índio é caçador e coletor, não dá para transformá-lo em agricultor de uma hora para outra”.

Tanto Machado quanto Cassupá citam como exemplo de falta de assistência a reserva Tubarão-Latundê, em Chupinguaia. Na comunidade onde vivem cerca de 230 pessoas, alguns membros foram denunciados na justiça por venderem itaúba. “Deixaram eles lá sem nenhuma assistência e querem que sobreviva como?”, questiona o profissional do Direito.

Eustáquio explica que a atual reserva Tubarão-Latundê anteriormente era uma área de pastagens, que hoje estão completamente degradadas porque os índios não foram orientados a lidar com a situação.