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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Vilhena

07/02/2011 16:38:53

Agricultores se revoltam e ameaçam cortar cabo de fibra ótica da Oi

Quase 100 produtores rurais do Padronal e Gleba Macuquim, que fica entre as cidades de Vilhena e Comodoro (MT), se reuniram, na sexta-feira, 04, para discutir a falta de energia elétrica na região. A instalação da rede depende da liberação da Oi para a utilização dos postes, pertencentes à empresa de telefonia, mas que passam dentro das propriedades.

A presidente da Associação dos Produtores Rurais da Gleba Macuquim, Sônia Maria Pereira, 43, conta que já foram enviadas, por diversas vezes, solicitações para utilização dos postes pela Centrais Elétricas do Mato Grosso (Cemat), mas não houve resposta da Oi. “Estamos revoltados porque a gente percebe que só falta mesmo boa vontade e, para ter energia, estamos dispostos a fazer manifestações públicas”, garante a sindicalista.

A moradora afirma que já foi feito o estudo de viabilidade econômica da extensão com comparação entre custo benefício da implantação da rede, e ficou constatado que a energia na região só será possível se os postes já instalados pela Oi forem usados também para a rede elétrica.

O prefeito de Comodoro, Marcelo Beduschi (PT), e o secretário de Administração do município, Jair Teodoro, foram chamados na reunião para ajudar a conter os ânimos dos moradores, que chegaram a falar em interromper o fio de fibra ótica da empresa, estendido ao longo das propriedades. Se o cabo for cortado, o os estados de Rondônia e Acre poderão ficar sem o serviço de telefonia e internet.

Beduschi explicou que se reúne com o comitê gestor do Programa Luz para Todos no próximo dia 15. “Até lá precisamos da liberação da Oi para utilização dos postes e do estudo de viabilidade da Cemat para que a rede de transmissão seja liberada pelo programa”, afirma o prefeito.

Ao todo são 108 ligações em mais de 150 quilômetros de extensão. A energia, além de beneficiar os produtores, também vai trazer vida nova para a Aldeia Mamaedê, onde moram cerca de 200 índios. “Os produtores não estão de brincadeira quando falam em manifestação, afinal, a energia é vital para a sobrevivência da vida no campo”, argumenta o secretário Jair Teodoro.

Na reunião, os produtores decidiram aguardar a resposta da Oi até o início desta semana. “Caso eles não nos respondam, vamos então nos reunir outra vez, mas para definir nossa manifestação e lutar pela benfeitoria à qual temos direito”, garante a presidente da Associação.

VIDA ÀS ESCURAS - A sitiante Sônia mora na região há mais de 30 anos. Ao longo desse tempo, ela já viu muitos moradores abandonarem suas propriedades por causa da falta de eletricidade. Para ela, a energia elétrica daria outro sentido ao trabalho dos produtores. “A gente pode incrementar a produção e aproveitar melhor os produtos, aumentando nosso faturamento, isso sem falar na qualidade de vida”, afirma.

Quem também mora na gleba Macuquim há 35 anos é Sônia Arruda, 32. “Nós vamos lutar pela energia de um jeito ou de outro, porque não dá para entender que uma comunidade inteira fique sem luz apenas por falta de boa vontade de uma empresa”, desabafa.

O produtor Valdir Antônio de Souza, 62, possui propriedade no Padronal, o povoado que deu origem a Comodoro. Criado no campo, ele se emociona ao falar da necessidade de energia. “A minha vida inteira eu vivi no campo e passei por muitas fases da agricultura. Hoje, não dá para trabalhar sem as facilidades que a eletricidade nos traz”, garante.

 





Fonte: FS
Autor: Raquel Gonçalves

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