Pressionada por alunos com nariz de palhaço, diretora de faculdade entrega cargo

A proprietária da Faculdade da Amazônia (FAMA),a juíza do trabalho aposentada Rosângela Cipriano, se reuniu na noite de ontem, terça-feira 19, com um grupo de professores da instituição e, dentre outras coisas, tratou dos salários atrasados dos docentes e das reinvindicações dos acadêmicos acerca do novo administrador, Afrânio Patrocínio, cuja saída é pedida pelos alunos, que também querem o afastamento da própria diretora. 
Enquanto Rosângela se reunia por mais de uma hora com professores, a portas fechadas, os acadêmicos, alguns deles de caras pintadas e usando nariz de palhaço, reunidos no pátio em frente à direção da faculdade, gritavam palavras de ordem sob o olhar atento de quatro seguranças que faziam a proteção pessoal da dona da instituição. Após a conversa, os professores saíram da sala e convocaram os acadêmicos ao auditório para comunicar o que ficou acordado na reunião.
Já com os alunos no auditório, Rosângela Cipriano entrou no ambiente acompanhada pelo quarteto de seguranças e caminhou até o palco sob uma sonora vaia dos mais de duzentos acadêmicos presentes.
Quando finalmente as vaias cessaram, a ex-juíza começou dizendo que tinha boas notícias: “A primeira é sobre a questão salarial sobre a qual a  instituição e os professores chegaram a um acordo”, anunciou, sem no entanto, deixar claros os moldes do pacto firmado.
Rosângela continuou seu discurso anunciando a destituição de Afrânio Patrocínio do cargo de administrador da FAMA. E, para o lugar dele, para trabalhar em parceria com o administrador estipulado pela justiça, que segundo informações deve vir de Ji-Paraná, duas professoras devem assumir os cargos de Diretora Geral e Diretora Acadêmica.  
A notícia foi bem recebida pelos alunos, mas eles questionaram se a dupla teria autonomia, ou se ficaria à mercê da vontade da proprietária da faculdade. Ao que Rosângela Cipriano garantiu: não interferiria nas decisões da nova administração. Mas, ao que parece, os alunos não acreditam que essa autonomia possa acontecer.
Os acadêmicos questionaram também a legitimidade da destituição de Afrânio, e a eleição da nova direção. A professora Jaqueline, que deve assumir a Direção Geral da instituição, afirmou que na data de hoje, quarta-feira, 20, que irá averiguar junto a seu advogado, à justiça e ao Ministério público, sobre o aspecto legal da decisão. Só após essa consulta, decidirá se assume ou não a direção.
O momento de maior euforia dos acadêmicos foi quando Rosângela, respondendo um questionamento, afirmou que se afastaria da instituição.
Ao final, os acadêmicos disseram ter esperança de que a nova direção consiga ao menos uma estabilização do ambiente acadêmico para que as aulas, paralisadas há mais de 15 dias, possam ser retomadas.
Um dos representantes dos acadêmicos, o aluno do 3º período de Agronomia, Luiz Gustavo, de 35 anos, disse que os acadêmicos não acreditam no afastamento de Rosângela. “Ainda assim, para não dizerem que estamos fazendo motim contra a direção, vamos retornar às salas de aula nos próximos dias”, garantiu.