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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Meio Ambiente

13/11/2017 09:06:24

ONG que já plantou mais de 40 mil árvores em Vilhena preserva tartarugas gigantes no rio Guaporé

Advogado preside entidade que reúne outros 12 ativistas

A ONG “Água Viva”, que nasceu com o objetivo de preservar as matas ciliares da região de Vilhena, já tendo plantado mais de 40 mil mudas de espécies nativas, principalmente às margens do igarapé Pires de Sá, hoje desenvolve um projeto de preservação e proteção às tartarugas gigantes do rio Guaporé, na divisa do Estado de Rondônia com a Bolívia, onde está situado o Parque Nacional Noel Kempff Mercado, pertencente ao país vizinho.

O presidente da ONG é o advogado Luiz Antônio Rocha, que conta com o conhecimento do biólogo Alessandro Martins Amaral. Além deles, outras 12 pessoas estão envolvidas na s ações de proteção às tartarugas gingantes do Guaporé. Luiz Antônio conta que, desde que adquiriu uma propriedade à beira do rio Guaporé, percebeu a desova das tartarugas naquela área. “Eu via aquelas tartarugas desovando lá, e o pessoal pegando os ovos e desmanchando os ninhos. Aí eu conheci um Guarda Parque, que queria fazer um programa de preservação das tartarugas do Guaporé. Então, fizemos um convênio com o Parque Nacional Noel Kempeff Mercado, que tem mais de um milhão e quinhentos mil hectares para o desenvolvimento do trabalho de proteção”, disse o presidente,  esclarecendo que a maioria das praias de desovas estão localizadas do lado boliviano do rio.

O trabalho do ONG consiste, segundo Rocha, em identificar os ninhos, que são devidamente catalogados. Depois, quando chega a hora do nascimento dos filhotes, eles são retirados das praias e levados até um viveiro, onde permanecem por cerca de um mês até que estejam mais fortes e assim tenham maiores chances de sobreviver. “Na época da saída dos filhotes, as praias viram uma festa de aves que vêem os pequenos animais como um banquete, e uma grande parte deles sequer consegue chegar à água; e os que vencem esta etapa, ao entrarem na água se deparam com cardumes de peixes famintos”, disse o biólogo, que explicou ainda: “De cada 100 filhotes, um consegue sobreviver à primeira hora de vida; e de cada mil tartarugas que sobrevivem a primeira hora, apenas uma chega a vida adulta e retorna a mesma praia para depositar ali os seus ovos”. 

O presidente da Água Viva disse que a colonização às margens do rio Guaporé é antiga e isso afetou diretamente a população de tartarugas.  “Os portugueses passaram por aqui em 1.600, quando vieram para a construção do Forte Príncipe da Beira, o que ocorreu em 1.700, e comunidades foram criadas às margens do rio. Era comum você encontrar chiqueiros onde eram criados não porcos, mas tartarugas; eles pegavam os filhotes no período de desova  e até animais já adultos e os mantinham em cativeiro para alimentação”. 

Os trabalhos da ONG se intensificam neste período, já que de setembro a novembro é o período de desova,  e um grande número de tartarugas chega às praias para depositarem seus ovos. Para manter o trabalho de preservação desses animais, a ONG necessita de colaboradores para suprir gastos com salários e alimentação de funcionários que realizam o monitoramento das áreas de ninhos e mantém os viveiros. 
    
O biólogo Alessandro Martins explica que a tartaruga gingante do Guaporé é uma espécie de bandeira, porque a sua preservação implica na preservação da florestas e matas ciliares, o que comunga também com a preservação de outras espécies, incluindo os peixes. “A preservação da tartaruga nos permite promover várias ações ambientais em relação ao resgate e conservação da natureza, e isso irá melhorar o potencial do turismo, que tem sofrido uma queda devido à falta de peixe”, disse. 






Fonte: Folha do Sul
Autor: Rogério Perucci

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